sexta-feira, 18 de maio de 2012

AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES?

Nas últimas semanas, mais do que em qualquer época, tenho me feito, repetidas vezes, essa pergunta, que já foi título de uma série na TV Globo.

O questionamento tornou-se frequente depois de uma aula em que debatia o tema relacionamento e, especificamente, o que homens e mulheres esperavam de um(a) companheiro(a) ao relacionar-se. Numa turma de maioria adolescente e feminina, logo veio um discurso recorrente entre as meninas: "sucesso profissional e estabilidade financeira".

Estranhei, indaguei, mas era isso mesmo... As jovens, realmente, estavam afirmando que era muito importante que o companheiro pudesse lhes proporcionar conforto financeiro e, mais, que assim pensavam a maioria de suas colegas!
Cleópatra representa o poder da mulher



Os dias se passaram e, por um tempo, quase me esqueci do episódio. Até que um dia estava eu conversando com um colega e duas colegas de trabalho sobre os papeis que o homem e a mulher desempenhavam num relacionamento. E estava eu ali, de novo, estranhando o fato de eu e meu colega estarmos defendendo a emancipação, a igualdade de direitos e a valorização da mulher enquanto nossas colegas diziam querer tudo isso, mas "sem sobrepor a voz de comando e a última palavra que o homem precisava ter no casamento". Segundo elas, nós homens precisávamos ainda ganhar mais para dar-lhes segurança e conforto.

Voz de comando?! Última palavra?! Ganhar mais?! Ainda existiam mulheres pensando assim? Para uma das colegas e minhas alunas, a maioria! Por quê?! Para quê?! Uns alegam que é uma condição biológica. "A mulher é mais frágil; precisa da proteção masculina. A mulher, institivamente, busca um companheiro capaz de lhe prover as melhores condições de vida para si e para os filhos que almeja reproduzir". Isso não me convence! 

Penso que esse comportamento é muito mais social, cultural, ideológico e histórico do que biológico. Se fosse preponderantemente biológica essa condição não haveria espaço para sociedades matriarcais relevantes como os Nagovisi, na Austrália, ou o povo de Meghalaya, no nordeste indiano, que talvez seja o único local do planeta que possui um movimento de emancipação masculina: o Synkhong Rympei Thymmai.

Miss Fisiculturismo 2009. Frágil, né?!
O sexo é biológico, mas o gênero não. Assim, as mulheres não nascem mulheres (fragilizadas ou submissas), elas se tornam mulheres (fragilizadas ou submissas). O problema é que essa “liderança” e essa “superioridade” do homem foi tão reproduzida ao longo da história que internalizamos como um traço quase genotípico.

Em outra ocasião, perguntei a uma outra colega se ela concordava com essa diferença salarial e sobrepujança do homem sobre as mulheres. Ela titubeou... mas, sim, concordava. Queria que seu marido ganhasse mais que ela. "Por quê?" Perguntei-lhe. "Não sei", disse ela. Você não tem anseio de ganhar bem? Construir sua carreira profissional ou acadêmica e seus ganhos financeiros independente de outra pessoa? Será que é por que você acha mais fácil para o homem ganhar mais? "Será?!", refletiu ela.

Mas por que essas posturas estavam me incomodando? Por que elas me incomodam e sempre incomodaram? O que está por trás desse imaginário? Quais as consequências dessas concepções e atitudes?

Que lugar essas mulheres querem (são conduzidas a querer) para si na sociedade? O lugar da submissão? Da voz e do papel secundários? Dos salários menores que os dos homens? Não querem uma carreira promissora? Quais são suas ambições pessoais?

Minha preocupação é que da voz de comando ao autoritarismo, à violência simbólica (psicológica e social) e à física há um limiar tão ínfimo. Isso tudo e o machismo são o mesmo assunto. Para que voz de comando se num relacionamento os dois podem decidir em conjunto, em pé de igualdade? Por que o homem precisa ganhar mais se ambos podem ganhar a mesma coisa... se o homem pode ganhar menos... se o homem pode nem trabalhar se ambos concordarem... se a mulher pode ganhar menos ou nem trabalhar, SE ASSIM QUISER? Vamos basear nossos relacionamentos interpessoais na economia... no capital (como se não bastassem as relações socioeconômicas...)?

O que ocorre é que, tendo voz de comando, ganhando mais, pagando as contas da casa, comprando presentes ou pagando cursos da esposa, alguns homens (não encontrei um nome mais apropriado...) pensam que são proprietários de suas mulheres (coisas?!) e que elas lhe devem obediência e submissão por isso.

Um fato a ser considerado: mulheres são mães. E não por genética, mas por educação, reforçam, às vezes, essa voz de comando dos homens ao reproduzir esse modelo na criação de seus filhos, priorizando-os em detrimento de filhas, concedendo-lhes privilégios, denegrindo a imagem das mulheres com que eles se relacionam, acobertando traições e atitudes de violência. Por isso e pela estupidez de muitos homens, a cada cinco minutos, uma mulher é vítima de violência no Brasil... Segundo relatório de uma pesquisa do sociólogo Júlio Jacobo, enviado ao Ministério da Justiça em 2012, em cerca de 70% dos casos, quem espanca ou mata a mulher é o namorado, marido ou ex-marido. Enfim, enquanto os homens morrem na rua, as mulheres morrem em casa.

Não quero, com tudo isso, inflamar o feminismo ou a qualquer luta pela supremacia da mulher. Como diria minha irmã, é apenas a reivindicação por igualdade de respeito e de condições de vida digna independente do sexo ou do gênero! Somando-se ao combate contra o pensamento chauvinista masculino (ainda) hegemônico, no fim de semana subsequente àquela conversa no trabalho que tive, vi uma reportagem no Fantástico, da TV Globo, que, mais do que dados alarmantes sobre violência contra mulher no Brasil, traz um exemplo de mulher que não se submete a qualquer diminuição baseada no gênero, a delegada Susane Ferreira: 



Se não concordam comigo ou com a delegada do vídeo, se não querem igualdade de condições humanas e socioeconômicas, afinal, o que querem, vocês mulheres?!!! Ajudem-nos a entender...

28 comentários:

  1. Concordo que estamos pensando características femininas adquiridas histórica e culturalmente como traços genotípicos. Mas é muito complicado mudar um pensamento que há muito vem sendo esculpido em nossas cabeças. Não adianta dizer que o machismo acabou, pois ele está sendo implantado em nossas desde que somos pequenas, e é difícil lutar radicalmente contra isso. Muitas vezes deixamos passar algumas coisas e nos adaptamos a certos pontos/tópicos sem avaliar direito, por cansaço, por cegueira, não sei.

    Eu lembro de quando você me indicou "Admirável Mundo Novo". E vejo traços daquela história por todo canto: uma mentira contada muitas vezes se torna verdade. Desse modo, acabamos aceitando certas "verdades" sem pensar.

    A luta contra o machismo não está no fim, principalmente quando habita as cabeças das próprias meninas/mulheres. É uma constante batalha por igualdade na diferença. Não devemos ser homens e não queremos ser superiores. Apenas esclarecidas e esclarecedoras.

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  2. Não acreditava que essa luta estava no fim, mas parece que ela está bem no começo ainda... Excelente contribuição à nossa discussão!

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  3. ‎Victor Varela, meu amigo, bom texto! Vamos dialogar para continuarmos a reflexão.... Começando pelo título: “O que pensam as mulheres...” Não seria algo genérico demais? Será que realmente todas as mulheres pensam como as que fizeram parte do contexto do autor? Que mulheres são essas? Quais são suas experiências de vida? Como foram preparadas por sua familia que faz parte de um grupo social impregnado por diferentes crenças e religiões? Por que essa concepção de mulher submissa, inferior, aproveitadora, acomodada ainda aparece no imaginário de muitas pessoas (homens e mulheres)?...... Dando continuidade com questões que o corpo de seu texto suscitou: 1) Que espécie de sociedade ainda temos, embora esteja em fase de transformação? (Sociedade Machista!!) Por mais que muitas mulheres ocupem espaço profissional e assumam responsábilitades tal qual e/ou maior, no imaginário geral da maioria da população a prevalece uma visão de uma sociedade machista que diz não a liberdade sexual feminina, que ainda espera que o homem dê conta de tudo, que acredita que o homem precisa mandar, que a voz final em qualquer situação precisa ser a masculina. A sociedade é machista, mas quem é a sociedade somos nós....Bom, o que quero dizer é: somos seres sociais e vivemos em uma sociedade que construimos. Felizmente somos seres sociais e individuais ao mesmo tempo, pois é graças a essa dinâmica que somos seres capazes de mudar certas realidades. Infelizmente há mulheres que ainda não descobriram ou não reinventaram o papel que lhes foi imposto, mas isso não é por “culpa” delas, é simplesmente porque estão reproduzindo uma questão ainda muito forte em nossa sociedade, bem como homens o reproduzerm constantemente. E quando digo homens, não estou generalizando a todos, muito pelo contrário. Quem dera todos os homens pensassem como vc (o autor rs) e seu amigo. Em uma porcentagem de 100 homens, eu tiraria 15% (sendo generosa) de homens que discutiriam esse assunto sendo favorável a emancipação das mulheres tal como vc coloca e viveria isso em sua vida cotidiana com atos e ações para além das palavras. Muitos dizem, mas poucos fazem. 2) Outra questão que me fez lembrar foi algo que escutei algumas vezes “São as mulheres que educam os homens” . Aí eu digo: é a sociedade que educa a todos. Uma sociedade constituida por pessoas únicas e, por isso, a existência de uma luta constante de algumas dessas únicas organizadas em grupos ou não, para que a reprodução da desigualdade e da falta de respeito entre os seres acabe. 3) Outra questão que é importante dizer é que, infelizmente, o que vc presenciou ainda ocorre e por isso que existe a luta constante de mulheres que acreditam em si, na igualdade de direitos, na luta feminsta contra essa concepção gerada por uma sociedade machista. E, sinceramente, acho que tem valido a pena se formos pensar que é essa luta tem mudado a opinião de muitas e muitos mulheres e homens (os 15% que citei rsrs), inclusive o autor do texto (vc rsrs) e de seu amigo. Essa luta, exemplificada por você, na atitude da juíza e em varios outros casos que vamos percebendo tem começado a ter destaque.... Bom, enfim.... por enquanto é só... se eu pensar em mais coisas comento depois rsrsrs... Bjs e obrigada por me marcar.... kkkkkkk

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  4. Perfeito o parágrafo final do comentário da Virna. Há, sim, uma luta que também acredito estar só começando, Victor. Vejam só: estou trabalhando em uma instituição "dominada" por homens e que tem em seus princípios um poço que transborda os conceitos machistas que nos assolam desde que o mundo é mundo. Confesso que fico encantada quando vejo mulheres militares, sejam sargentos (por que não sargentas?), tenentes, capitãs... É um misto de dureza e candura debaixo daqueles uniformes impolutos. Elas passaram por um duro treinamento militar e estão ali, firmes e forte. Sei que, da mesma forma que muitas mulheres têm um certo fetiche por "homens de farda", eles também sentem atração pelas militares. E nesses entreolhares há um quê, ora de machismo, ora de admiração. Por outro lado, tenho verificado (isso, claro, na Unidade Militar em que trabalho) que 99% das mulheres dos militares casaram muito novas, pararam de estudar ou se têm uma profissão não a exercem. Fico impressionada como os soldados, do "alto" dos seus 19, 20 anos, namoram meninas de 15, 16, que se derretem por eles, só falam em casar e, engrossando as estatísticas de natalidade, até já formam uma família com filhos. Não as condeno só porque penso diferente, afinal, ainda hoje, muitas famílias criam suas filhas para o casamento, para ser dona de casa, cuidar dos filhos (missão linda, por sinal) e, falando bem rasteiramente, arrumar um marido que as sustente. Sou de uma família em que minha avó era oito anos mais velha que meu avô e trabalhava fora. Aliás, trabalhou 45 anos nas Lojas Brasileiras, quando ainda eram uma simples lojinha com prateleiras empilhando os produtos. Minha mãe começou a dar aulas com 13 anos e sempre trabalhou fora, tem graduação e pós-graduação e está casada com meu pai há 42 anos. Lembro quando meu ex-marido foi me "pedir em casamento" para o meu pai. O "velho" disse: "ela só não pode parar de estudar". Casada, terminei meu curso superior, comecei minha vida profissional, fiz especialização, mestrado, enfim... Divorciei-me. Meu pai é o sábio nessa história. Muitos homens não suportam ver mulheres em posição mais alta (nem sei se essa é a melhor expressão). Fisiologicamente, somos mais frágeis, sim, Victor. Essa moça da foto que você apresenta no artigo, é uma exceção. Só não podemos vestir essa carapaça de fragilidade. Somos diferentes, homens e mulheres, mas também somos iguais e cada um tem seu espaço. Não tenho certeza dos dados númericos, mas, no último censo, o IBGE apresentou um crescimento considerável de mulheres que são chefes de família e, se não me engano, somos maioria nas universidades. Um avanço, a meu ver. Mas esse é o meu ponto de vista. Já não me espanto mais com a opinião de mulheres como a de suas colegas, Victor. Parece-nos uma dualidade saber que ainda existem mulheres que querem um marido que ganhe mais e que mande em casa. O que me deixa mais preocupada não é isso, não é ver mulheres que se anulam para satisfazer suas famílias/sua criação patriarcal e seus maridos, mas ver que nossa sociedade tem caminhado na contramão do diálogo, do entendimento de que homem e mulher, cada qual tem o seu papel e que, para cumpri-lo, não é necessário subjugar o desejo do outro. Esse, sim é grande “x” da questão. Por isso a nossa “batalha” está ainda feito barro molhado à espera de um oleiro. E o que querem as mulheres? Eu sei o que eu quero, e não posso fazer da minha experiência de 38 anos de vida um exemplo a ser seguido.

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  5. Carlinha, o título foi proposital... Rsrsrs Quero mesmo saber, de maneira genérica, ou melhor, coletiva o que querem as mulheres... Não apenas aquelas mencionadas no texto, ou aquelas que concordam comigo. Quanto à educação, de fato, ela não é uma ação apenas das mães... Você tem razão! Nem foi isso que eu quis dizer ou disse. Tenho sempre cuidado para evitar essas culpabilizações individualistas (muitas vezes liberais) que distorcem nossa realidade sócio-histórica multideterminada. A educação é construída por todos, inclusive pelo próprio indivíduo, pelos amigos, professores, mas as mães são uma das peças mais importantes nesse rol de agentes de educação/formação e, muitas vezes, contribuem, sim, para a reprodução do machismo, idenpendente de culpa. Nessa luta diária, é sempre bom contar com sua percepção, reflexão e ação!!! Abração!

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    1. Victor, obrigada pela resposta e sua resposta me suscitou outros dois pensamentos: o primeiro, dizer que as mães são uma das peças mais importantes nesse rol de agentes de educação/formação (o que para uns seria uma valorização da mulher) não estariamos aí reproduzindo aquilo que tanto debatemos e lutamos contra que é a existencia da diferença entre homens e mulheres no sentido de que a mulher é dado o papel de educar a familia enquanto ao homem é dado o papel de prover? O que quero dizer é que quando colocamos essa questão reproduzimos aquilo que somos contrarios, pois é como se retirássemos dos homens a sua importancia tal na educação também e esse pensamento gera também desigualdade. Não estou dizendo não ao papel da mulher enquanto pessoa, mas não a esse pensamento que dá a ideia de que é a mulher a mais responsável pela educação de seus filhos e a reprodução de uma ideologia que relega a ela mesma um lugar de submissão etc, como também não estou apoiando o que suas amigas no texto disseram e nem mesmo as mulheres que tem essa visão machista de mundo rsrs, ok? Concordo com os comentários que disseram que as lutas são muitas ainda e acredito que esse tipo de debate que vc nos proporcionou é um grande caminho para continuarmos difundindo essas ideias de igualdade e liberdade que mudarão nossa sociedade, embora muitas lutas precisam ainda acontecer... O segundo ponto é em relação ao que vc disse que muitas mulheres contribuemm para a reproducão do machismo (e isso é verdade), a única coisa que me preocupa nessa assertiva é se não olharmos que as mulheres como os homens são formados por outras pessoas que trazem na sua vida aquilo que está ideologicamente implantado na sociedade. Não há nada que doa mais em mim, quando ouço mulheres reproduzindo esse machismo, mas a primeira coisa que faço é me perguntar (de onde ela veio, que formação recebeu, que vida levou, faz isso conscientemente ou foi preparada anteriormente para fazer isso....). Não creio que é a mulher (pessoa individual) que faz essa reprodução, mas sim a mulher inserida em um meio social que a preparou para ser assim que faz essa reprodução, embora seja na ação individual de cada uma que essa propagação do ideario machista ocorra. O que quero dizer com isso é que na ação individual não está apenas o que a pessoa pensa, mas o que a pessoa pensa é resultado de suas experiencias socialmente construídas. Precisamos que mais experiencias de mulheres que se desvencilharam desse ideário machista sejam contadas expostas para que um dia possamos mudar as experiencias de todas as outras... Olhe por exemplo o slogan irritantes - “Sou mulher, sou mãe, sou feliz!” e isso vi sendo reproduzido por mulheres (seres pensantes, individuais) no Dia das Mães, essa é uma reprodução daquilo que socialmente é colocado a mulher; outra frase “Não casou? Por isso é amarga desse tanto!” affff.... E assim vai..... Ah... quanto ao título ser proposital, eu imaginei mesmo rsrsrrs, mas continuo a dizer que é generico demais rsrs,

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    3. Você tem toda razão!!! Mas não disse ou quis dizer que as mulheres são as PRINCIPAIS responsáveis pela educação/formação de seus filhos... Elas são UMA das mais responsáveis. Com o mesmo nível de responsabilidade que os PAIS. Mas é importante reiterar isso, uma vez que não é senso comum tal compreensão. Enfatizei o papel da mulher, porque, como é ela quem sofre com o machismo, talvez fosse mais fácil (será?!) para ela não reproduzir comportamentos dessa natureza na criação de seus filhos, uma vez que os pais, muitas vezes, não compreendem a necessidade de superar essa dicotomia... ou se compreendem teoricamente, não aplicam essa compreensão na prática de suas atitudes com as mulheres. Também concordo com você: há de se contextualizar a reprodução do comportamento chauvinista masculino por parte das mulheres, uma vez que estas ou os homens que o reproduzem, assim o fazem por sua constituição histórica e cultural, refletida em sua subjetividade e concepções de mundo! Resta-nos, "esclarecidos e esclarecedores", como adjetivou Virna (minha irmã), lutar, com cuidado para não cair em armadilhas, ao dissipar tais concepções!

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    4. Gostei do “SERÁ?”.... Gostei porque neste caso incluo muito a questão psicologica dessas mulheres que muitas vezes se tornam fragilizadas e refém das siutações criadas nesse contexto machista. Você disse bem quando falou que talvez fosse mais fácil, pois na verdade deveria ser mais fácil no sentido da não aceitação dessa condição e na luta contra essa desigualdade... Outra coisa, concordo com a questão de lutar com cuidado para não cair nas armadilhas pois uma delas é o q constroi uma mulher superior ao homem agindo com as mesmas armas que esses um dia usaram para a dominação... IGUALDADE SEMPRE, LUTA SEMPRE!

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  6. Carmencita, também senti-me orgulhoso pelo comentário de Virna (leia-se minha irmã... Rsrsr)! Voltando ao assunto, continuo a concordar com Erasmo Carlos:

    Dizem que a mulher
    É o sexo frágil
    Mas que mentira
    Absurda!

    Se os homens possuem mais massa muscular e ossos mais fortes, vocês mulheres são mais resistentes a dor, possuem um sistema imunológico mais eficaz contra infecções e tem uma expectativa de vida maior que nós homens. Tem uma reportagem da Super Interessante que pontua essas diferenças e dismistifica essa fragilidade: http://super.abril.com.br/cotidiano/sexos-opostos-438746.shtml

    Até essa ideia de fragilidade biológica/fisiológica feminina foi, em certos aspectos, forjada ao longo da história pelo pensamento mágico-científico e ideológico dos homens cientistas/médicos.

    Os pensadores gregos, por exemplo, acreditavam que o útero se movia dentro do corpo da mulher. E para onde fosse, causaria distúrbios.

    Isso serviu como argumento científico para justificar a "desordem natural" da mulher.

    Outra lenda: a menstruação era vista como sinal de impureza. Punha em risco desde a saúde da mulher até as plantações, o tempo e o clima. Mais um sinal da "fragilidade" feminina que impunha até mesmo o repouso forçado no período, para "economizar energia".

    E se a gente pensa que isso foi coisa da Antiguidade, Dr. Hollick escreveu, já em 1849, que "la Matriz [o útero] es el órgano que controla el cuerpo femenino pues es el más excitable de todos y se halla vinculado com todas las demás partes del cuerpo".

    A pesquisadora e procuradora do Trabalho, Cristiane Lopes, cita ainda que, em 1967 escreveu-se que "(el aparato genital femenino), cuando há llegado al fin de su destino se convierte no en un órgano pasivo, sino parásito, que interviene en el metabilismo de su portadora... De su útero no puede esperar más que motivos de muerte prematura".

    Em 1975, ainda, os estudantes de medicina aprendiam que a mulher "tiene consciencia de su inferioridad y esto lo hace suspicaz y desconfiada. Tiende a la intuición y al presentimiento más que a la razón".

    Isso está em uma publicação sua no SCIELO: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332006000100016#top26

    Resumo dos fatos: a biologia, a fisiologia, a medicina, enfim, a ciência não é neutra, mas sim ideológica e não podemos acreditar em todos os seus postulados!

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  8. Quando pensamos sociedade, cultura como um todo, relacionamos à nossa cultura, cultura essa que a muito foi ditada e impregnada em nossas vidas. O tempo passa mas poucas pessoas tentam se despender dessa cultura, pois nela foram criadas e é assim que sabe viver. Concordo quando você diz "Assim, as mulheres não nascem mulheres (fragilizadas ou submissas), elas se tornam mulheres (fragilizadas ou submissas)" pois assim pudemos ver nossas mães, aquela que são sim nosso espelho. Se visitarmos outras culturas podemor ver tribos em países distantes onde o homem faz o "papel" da mulher (faz comida, cuida das crianças, limpeza...), e mulher é responsável pela caça, coisa que na cultura que conhecemos é atributo do homem, e ambos fazem seu trabalho designado com perfeição. Sendo assim, nossa cultura se torna totalmente estranha da deles. Mulheres são frágeis, delicadas, mulheres da casa por que assim elas aprenderam a ser, assim aprenderam "como serem mulheres", pois se tivessem sido criadas para serem guerreiras, seria sim, pois somos fruto da nossa criação, do que a cultura da sociedade em que vivemos nos torna. É complicado falar desse tema, por que apesar de sermos todas mulheres cada mãe criou a sua pequena de uma forma, e de acordo com o que vemos ao nosso redor podemos ter o pensamento de "ei, eu quero minha independência" ou "quero casar com um marido rico". Faz parte de cada mulher, algumas ainda pensam como antigamente, mas não são todas. Digo por mim mesma...quero ter minha independência financeira, se eu casar com um marido que ganhe mais: OTIMO, senão, estarei feliz da mesma forma com o meu sucesso. É aquela coisa, entender a cabeça de uma mulher não é fácil, imagina entender TODAS(kkkk). Biejãooo Vitinhoo, saudades.

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    1. Obrigado pela participação, Biazinha! Saudades de você também! Quero vê-la mais vezes por aqui! ;)

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  9. Victor, seu texto é muito bom e provoca uma série de discussões. Antes de entrar na universidade, longe de toda esta discussão sobre gênero, nunca entendi o porquê das mulheres terem obrigações diferentes das dos homens. Vale ressaltar que tais obrigações sempre eram relacionadas ao cuidado com o lar. Sem dúvida, as tarefas domésticas são muito chatas de serem feitas, mas não entendia a sua associação as mulheres. Ao ter conhecimento, mesmo superficial, das questões de gênero pude perceber o quanto isso vem sendo utilizado como objeto de análise das ciências sociais. As discussões sobre as mulheres sempre enfatizavam a submissão feminina no decorrer dos séculos, sobretudo nas sociedades ocidentais. Sendo esta última ideia apenas para ratificar algo já trabalhado no seu texto, o fato do gênero ser construído e naturalizado cultural e historicamente.
    Mas observemos outros dados: a maioria dessas produções são feitas por mulheres e, apesar do crescimento do número de produções sobre o assunto, ainda representam uma discussão marginalizada na academia. Porém, seria necessária esta discussão realizada "fora" do "todo"? Será que a tentativa de se criar importância ao tema não acabamos por marginalizá-lo?
    Numa defesa de dissertação de uma amiga minha, (onde ela discutia os espaços da anistia do Rio Grande do Norte, considerando a Comitê de Anistia de 1979 e a Associação de Anistiados de 2001) um dos membros da banca questionou porque não se enfatizou a importância da mulher neste período, as quais detiveram tanta notoriedade. Mas será que isso é necessário? As mulheres não são tão importantes quanto os homens? Será que existe diferenças em suas existências?
    Mais perguntas: Será mesmo necessária a criação de uma lei que proteja uma mulher contra a violência doméstica se fosse respeitada, ao menos, o direito à condição humana? Infelizmente, sim.
    Tudo na história são continuidades e rupturas. A violência contra a mulher, seu tratamento como ser "coisificado", seu discurso de submissão ao homem, financeiro e culturalmente, colocam-se como continuidades. Entretanto, as rupturas só serão feitas se a criação da mãe machista e da sociedade de mesma alcunha, renove-se.
    Acho que a "desculpa" atribuída a cultura e a história como determinantes desse pensamento são, realmente, meras desculpas. Quando se quer mudar, muda-se. Ao a reprodução deste comportamento dá-se o nome de comodismo.
    As mulheres que deram um basta à violência doméstica, como a própria Maria da Penha, só deram um fim nelas ao mudar sua visão submissa em relação ao gênero masculino.
    Ninguém é dono de ninguém, ninguém é melhor que ninguém, todos somos iguais!

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    1. Desculpe se saí um pouco do assunto... :)

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    2. Olá, Rafael. Seu texto me fez refletir especialmente sobre três questões. A primeira, sobre a necessidade de se discutir esse tema na academia e o fato deste tema ainda ser marginalizado nesse espaço. Ainda são poucas as produções sobre esse tema na academia porque ainda são poucas as mulheres e homens que acreditam na necessidade dessas discussões. Realmente concordo que ainda seja uma discussão marginalizada (que está a margem), mas é preciso que muitas e muitos tenham coragem de fazer suas pesquisas com essa temática. A academia é o lugar da produção de conhecimento cientifico sobre diferentes temas, mas por muito tempo teoria e prática não andavam juntas. Hoje há vertentes teóricas que acreditam que teoria e a prática andam juntas e ainda bem que isso existe, pois parte da producão que conheço sobre esse assunto, associa teoria e prática e ajudam na difusão de uma concepção que ajuda a mulher na sua emancipação e na sua prática diária. Mas sabemos que pouco ainda se fez e isso que se fez nem sempre chega a todas as pessoas pois sabemos que o acesso a essas discussões cientificas limita-se muitas vezes aos portões das academias. Desse modo, a construção de espaços mais acessiveis para essa discussão faz-se necessário. E, ao contrário do que é dito que essa discussão em outros espaços apenas contribui para a ampliação da marginalização, essa discussão serve para que as pessoas possam conhecer e compreender essa realidade a fim de posicionar-se, mudar de opinião ou fortalecer a que já tem. Parto do princípio que o “todo” que temos é a sociedade e a “parte” a academia. A discussão na academia parte de uma prática, investiga-se fenomenos e práticas (admiradas ou não), por isso a necessidade de trazer essas discussões para o “locus” de seus acontecimentos.
      O segundo ponto que vc me fez refletir foi em relação aos seguintes questionamentos: "Mas será que isso é necessário? As mulheres não são tão importantes quanto os homens? Será que existe diferenças em suas existências?
      Mais perguntas: Será mesmo necessária a criação de uma lei que proteja uma mulher contra a violência doméstica se fosse respeitada”
      Bom, no primeiro momento pensei em resposta objetiva, direta e “na lata” rs, depois refleti melhor e entendi seus questionamentos que ao contrário do que vc diz, não saíram do assunto, muito pelo contrário, estão bem vivos em nossa sociedde... Sim mulheres e homens são seres humanos iguais (com suas diferenças biológicas bem como dito por Victor e afirmado por Fellipe), mas essa diferença biológica não implica na criação de uma desigualdade cultural e socio-historicamente construída, que é o que temos presente atualmente. Sim, se as mulheres fossem respeitadas não haveria necessidade da criação de uma Lei Maria da Penha que atualmente no Brasil já salvou vidas.
      Continua...

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    3. Terceiro ponto. Fico pensando: somos seres sociohistoricamente construídos, o que não nos implica em sermos deterministas ou relativistas e usar disso para aceitar ou deixar prevalecer o dominio de um sobre o outro e a não possibilidade de mudança de realidade. Uma pessoa não se constrói sozinha, constrói-se nas relações e nas interações com os outros. E são nessas relações que encontraremos e faremos as mudanças, fora do comodismo. Agora, para mim, é muito importante marcar que há diferentes situações de mulheres que vivem essa submissão e propagam um ideário machista. Em contexto geral, vivemos em uma sociedade machistas, mulheres são criadas para reproduzirem essa sociedade, em muitos lugares e familias isso ainda acontece e em outros as vozes das feministas já chegaram e a realidade começa a ser mudada. Uma das ideologias é a de que a mulher para se sentir realizada precisa ser mãe, hj muitas já não vivem isso. O que é bom! Bem, voltando as diferentes situações que me referi anteriormente... há situações que não podemos chamar apenas de comodismo, mas envolve questões muito mais profundas e graves, pois refere-se ao medo e ao domínio psicológico que muitos homens ainda exercem sobre as mulheres. A Lei maria da penha veio em favor dessas mulheres que não agem por uma questão de comodidade, mas sim por uma questão de medo e dependência psicológica. Acredite! Foi necessário se criar uma lei complementar a essa lei a fim impossibilitar as mulheres de retirar a queixa contra seus companheiros. Agora será porque gostam e são acomodadas a essa situação? Não. Isso é pura e simplesmente porque são pessoas que sofrem retaliações pelo percurso de sua vida, neste caso, não são elas que se coisificam, mas elas aprendem a “se coisificar”. As mulheres que deram um basta a violência domestica, não deram esse basta sozinha, mas sim tiveram em que se apoiar para dar esse basta. Esse em que se apoiar vai desde grupos de apoio feministas às leis, a consciencia não se constroi individulamente, constrói-se no coletivo, nas experiencias vivenciadas por cada um com os outros. Portanto, essa visão submissa em relação ao gênero masculino se deu na construção de novas ideologias apoiadas por diferentes grupos. Acredito que temos que ter o cuidado para não dizer que a vítima de determinada violência é culpada por recebê-la. Seria isso a mesma reprodução da seguinte frase “Ela apanha porque gosta e porque merece!” (Rafael, vc não disse isso, foi apenas uma reflexão para além do que escreveu)
      A mãe machista só deixará de existir quando se deixar de existir uma sociedade machista e essa sociedade só deixará de existir com as lutas de mulheres e homens pela igualdade, mas isso demanda tempo. Agora a de se pensar também que o contrário, por exemplo, uma sociedade feminista, pensando na supremacia e no domino das mulheres sobres os homens poderá acarretar em outros problemas. Mas por enquanto, fiquemos com essa luta contra as desigualdades que causam sofrimento.
      Rafael, obrigada pelo seu texto porque me fez refletir muito. E, novamente ao Victor por dar espaço a essa discussão.

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    5. Rafa, faço das palavras de Carla as minhas palavras! Sinta-se à vontade para incrementar o debate! Se algo não ficou claro ou se ainda não concorda com alguma, diga! Só assim podemos ressignificar nossas concepções e sintonizar nossas lutas por igualdade!

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    6. Carla, fico feliz que minha contribuição tenha servido para a ampliação de sua reflexão sobre o tema proposto por Victor. Concordo com você quando afirma que as diferenças entre homens e mulheres, seja na sociedade ou na academia, só serão "finalizadas" em decorrência das lutas destes em favor desta igualdade.
      Todavia, ainda acredito que quando se quer mudar, muda-se. A exemplo das mulheres que deram um basta as agressões domésticas, fazendo elas uso da Lei Maria da Penha. A Lei sem dúvida é essencial nesta sociedade machista em que vivemos, mas não teria efeito caso a mulher não colocasse um ponto final, não quisesse mudar sua situação.
      Mas o melhor nas discussões é justamente isto... compartilhar, analisar, discordar e construir conhecimento.
      Abraços.

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  10. Como diria Ricardo Antunes: "a emancipação da humanidade, também passa pela emancipação das mulheres". Isto é, não podemos falar de uma nova sociedade, justa e que preze pelas necessidades humanas se não tiramos os homens e mulheres de seus lugares socialmente construídos, principalmente nas sociedades capitalistas. Mesmo que possamos fazer aproximações históricas com outros momentos em que os homens também se colocavam como dominadores das mulheres, o nosso período tem algumas especificidades: 1) em diversos momentos históricos, foram as mulheres que formaram o grosso da força produtiva (principalmente nos períodos de grandes guerras), 2) a exploração da força de trabalho feminina ocorre duplamente, no instante em que se concorda que ela deve tanto ter algum trabalho remunerado (com a mesmas atribuições, mas com menor salário, comparado aos homens) como "cuidar da casa" (trabalho não remunerado e necessário à sobrevivência cotidiana dos homens e mulheres) e 3) diferente de outras sociedade em que a criação dos filhos eram declaradamente compartilhadas - com outros parentes, com os vizinhos, com o Estado -, na nossa esse peso é lançado quase completamente sobre as mães, estando os outros sujeitos secundarizados nessa relação. Muito além de evidenciar as especificidades da relação homem-mulher nos dias atuais, esses apontamentos mostram que ela tem um fim claro dentro de nosso sistema produtivo, avançando o debate para além de uma questão moral. Falas como as escutadas por Victor refletem a reprodução de um discurso ideológico que concorda com a manutenção desses três grandes pilares da exploração feminina - para ficarmos somente neles - e, como parte de uma ideologia, refletem uma visão de mundo bem marcada que concorda com a existência de relações de exploração e submissão dentro da sociedade. Na contramão da culpabilização dessas mulheres pela fala e desejo de expressão, reavivasse o que Carla apontou como a necessidade de continuarmos as lutas no âmbito ideológico que - creio cada dia mais - ter um papel fundamental na construção de uma nova sociedade. Por fim, não advogo por esquecermos das distinções biológicas entre homens e mulheres (como Victor já listou), mas em não tornarmos essas como elementos que justifiquem a soberania de um gênero sobre o outro. Parabéns a Victor pelo texto que deu início a esses debates e aos seus comentadores que estão ampliando o âmbito dessa discussão.

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    1. Fellipe, seu texto disse tudo!!! Ótima reflexão! Victor conseguiu mexer com a gente!! Adorei.

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    2. O mito da caverna de Platão, fala de pessoas aprisionadas pela escuridão dentro dela e fora da caverna existe a luz da verdade, mas mesmo que aquela pessoa consiga sair e ver que a verdade é diferente da qual eles acreditavam. Não poderá voltar para contar, pois sofrerá por ser ignorado ou será morto pelos outros. Verão esse como louco ou mentiroso, pelo fato de contar uma nova realidade inaceitável aos olhos dos que ficaram. Imagine dizer que aquele mundo ao qual eles estavam acostumados seja totalmente falso ou parcialmente, tentando mostrar novos conceitos.

      Por esse mesmo motivo Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas, ele quis fazer com que eles imaginassem-se acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e etc... O mito da caverna é uma metáfora a condição humana perante o mundo e das ideias, permanecendo na ignorância.

      Todas as ciências nos leva na mesma direção. Falamos anteriormente de arquétipos na psicologia e agora em filosofia, onde ambos retratam a prisão a conceitos ditados anteriormente, mas quando mostrado uma visão diferente não é aceito pela grande maioria ou têm medo de confrontar.

      Carl Gustav Jung chamou de arquétipos os traços funcionais do inconsciente. Há dois tipos de inconscientes: Inconsciente Pessoal e Inconsciente Coletivo. O primeiro são vivencias pessoais e do cotidiano que são reprimidos ou simplesmente esquecidos. Também fazem parte dele, percepções subliminares às nossas sensações. O Inconsciente Coletivo representa a dimensão universal do indivíduo. É constituído por conteúdos herdados e que nos ligam simbolicamente a toda humanidade. Segundo Carl Gustav Jung a existência do inconsciente coletivo não depende de experiências individuais, como é o caso do inconsciente pessoal, porém, seu conteúdo precisa das experiências reais para expressar-se, já que são predisposições latentes.

      Ou seja, se o coletivo há tempos propaga como verdade que as mulheres são menos racionais que os homens. Como uma mulher que é forçada a casar-se obrigada como antigamente e a fazer sexo durante anos com um homem sem amor, pode ser tão emocional? Ainda hoje acontece, mas sem serem obrigadas. Souberam viver de acordo com as oportunidades que lhes são oferecidas e aprenderam. Na verdade os homens casam-se mais por amor ao invés de ser por dinheiro do que as mulheres. Elas reprimiram seus sentimentos e desenvolveram interesses que os homens mesmo, as fizeram dar mais importância. Uma mentira muitas vezes dita se torna uma verdade aos olhos do coletivo.

      Outra mentira dita muitas vezes, as mulheres são incapazes de trabalhar, não é inteligente o bastante, que hoje já é visto como uma mentira. O racismo também era uma consciência coletiva, o machismo e etc...
      Contudo algumas pessoas ainda podem vivenciar essa consciência pessoal dependendo da criação, cultura, religião e etc...

      Bom, coloquei logo duas postagens anteriores do meu blog para ver se fica mais claro o que acorre na mente de certas mulheres e acho que bate com o discutido. Isso, atribuo a ignorância, preguiça, insegurança, covardia e etc...Claro que é um comportamento é muito mais social, cultural, ideológico e histórico. Óbvio que isto tem haver com os ensinamentos dos pais, escolas e etc... Pois desde de cedo repetidas vezes incutindo um pensamento e depois retirá-lo é bem difícil.Contudo cada vez mais mulheres como nós, com o pensamento correto da igualdade está cada vez mais existente e o machismo está fadado ao fim, isto é uma questão de tempo e evolução da humanidade.

      Mas acredito sinceramente que por mais que lutem contra ninguém pode ir contra a lei da natureza.

      Te amo!!!!

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    3. Que bom que consegui mexer com vocês! Que tal mexermos com quem precisa ser mexido?!

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    4. Como fazer isso?! Essa sempre será uma grande questão, seja para esse debate, seja para tanto outros.

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    5. Acredito que reside aí o maior objetivo da educação (pública e de qualidade... institucional, popular ou familiar)! Mediar saberes consolidados e produzir novos saberes - não para insular esse conhecimento no indivíduo aprendiz ou para que este utilize esse saber apenas para elevar sua escolaridade ou para seu exercício laboral, adaptando-se às exigências da sociedade num processo acrítico, mas, sobretudo, para que este indivíduo, inserindo-se num coletivo, seja capaz de transformar essa mesma sociedade! Isto é, não vejo como a educação poderia protagonizar diretamente uma transformação social, se essa transformação depende de uma mudança de paradigma socioeconômico! Vejo, porém, que nós educadores podemos, sim, protagonizar uma transformação no consciente coletivo, por meio de uma práxis pedagógica insistente, mais trabalhosa, por vezes exaustiva, integradora da teoria e da prática, da academia e da sociedade, do real e do ideal!

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